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Gordura localizada: Como ela é eliminada?

Gorduras localizadas são sempre indesejáveis, não é verdade? 

Elas se acumulam em diferentes locais. Em algumas pessoas mais nas costas e/ou braços, em outras, coxas e glúteos e outras no abdômen. 

Como isso acontece e como elas são eliminadas é o que vamos discutir aqui.

O que veremos neste artigo:

Qual a função da gordura em nosso organismo?

A gordura tem como função fornecer energia como combustível para nosso metabolismo basal (do repouso), para as atividades da vida diária e para prática de exercícios, transportar vitaminas lipossolúveis para serem absorvidas, proteção como isolante térmico, proteção contra impactos em regiões onde localizam-se órgãos e vísceras, e ainda faz parte da constituição das membranas de todas as nossas células.

O tecido adiposo atua em diversos processos, como a ingestão de alimentos, o balanço energético (equilíbrio em consumo e gasto calórico), a ação da insulina, o metabolismo de lipídios (gordura) e glicídios (açúcares), o remodelamento vascular (vasos sanguíneos), a pressão arterial e a coagulação sanguínea. Portanto, a questão do acúmulo excessivo de gordura corporal em nosso corpo vai muito além de questões estéticas e tem relação extremamente importante com nossa saúde.

 

Por que acumulamos gordura?

Nosso metabolismo foi moldado para a sobrevivência, quando os estoques de gordura (a reserva energética do organismo) são reduzidos, sobretudo de forma brusca, como acontece com as dietas radicais, o organismo interpreta como um sinal de alerta e lança mão de estratégias para compensar a diminuição dos estoques de energia, diminuindo nossa taxa metabólica basal (TMB), nosso consumo energético do repouso, aumentando a expressão de enzimas que dificultam a perda de gordura, reduzindo a produção de hormônios lipolíticos, tudo para poupar energia. O que explica o reganho de peso após uma dieta extremamente restritiva e temporária, o famoso efeito “sanfona”, engorda-emagrece-engorda, e também o fato do emagrecimento ser mais fácil no início e ficar cada vez mais difícil ao longo do processo.

Além disso, o acúmulo de gordura é influenciado por fatores comportamentais/psicológicos e fatores genéticos que podem potencializar as duas vias, de perda e de acúmulo.

 

Os fatores genéticos que contribuem para o acúmulo de gordura

O acúmulo de gordura subcutânea mais predominante em uma região do corpo do que em outra ocorre por determinação genética.

Primeiramente, por diferenciação de gêneros, masculino e feminino. A maioria da mulheres acumula gordura subcutânea na região do quadril e abdômen (conhecida como obesidade ginóide, de formato pêra), enquanto os homens, predominantemente, acumulam gordura de forma mais central, tronco e abdômen (conhecida como obesidade andróide, formato maçã). Isto se deve, principalmente, às diferentes características hormonais entre homens e mulheres.

Mas os fatores genéticos desempenham também papel importante na manutenção do peso corporal, pelo envolvimento de genes determinantes na regulação do gasto energético, do apetite, do metabolismo lipídico (utilização das gorduras no organismo), termogênese (produção de calor para regulação da temperatura corporal), diferenciação celular, entre outras.

 

Os tipos de gordura localizada

A gordura em nosso corpo é depositada, basicamente, em 2 tipos de tecido adiposo, o visceral e o subcutâneo. E cada um deles tem uma característica metabólica diferente.

A gordura visceral é aquela localizada ao redor das vísceras e órgãos, de aparência mais dura externamente e a mais perigosa, pois está associada ao aumento de fatores de risco doenças cardiovasculares, resistência à insulina e síndrome metabólica. Esse tipo de tecido adiposo produz uma série de fatores pró-inflamatórios envolvidos na modulação de várias patologias associadas à obesidade.

A gordura subcutânea tem aparência mais mole, localiza-se logo abaixo da pele, impacta menos nas questões metabólicas associadas à saúde, mas incomodam bastante esteticamente.

Assim como não escolhemos a ordem em que essa gordura começou a se acumular, também não podemos escolher ou direcionar onde queremos perder gordura, prioritariamente.

 

Como a gordura é eliminada?

O processo de eliminação dessa gordura normalmente acontece na ordem inversa de seu acúmulo. Por exemplo, se no seu processo de ganho de peso você engordou primeiro no abdômen, depois nas coxas e glúteos, e depois costas e braços, você iniciará seu processo de emagrecimento pelas costas e braços, depois coxas e glúteos e, por último, no abdômen.

Portanto, o exercício em si, não definirá a remoção localizada da gordura. Ele promoverá a diminuição da gordura como um todo, associado à dieta e de acordo com as características genéticas de cada um.

Logo, não será fazendo 50 abdominais todos os dias que você vai perder a barriga e nem 50 repetições de um exercício para o tríceps (músculo do tchau) para reduzir a gordura do braço.

O exercício físico localizado, de força, ajudará a tonificar a musculatura (mais firmeza ao músculo) para que, à medida que a gordura for eliminada, a região não fique flácida, e deve ser associado a exercícios aeróbios (caminha, corrida, ciclismo, treinamento em circuito…). Estes, por sua vez, estimulam de forma mais eficiente nosso metabolismo, buscando a utilização da gordura como fonte de energia durante ou treino ou durante a recuperação pós-treino (isso dependerá da intensidade do mesmo) e ainda proporcionando o aumento de nossa taxa metabólica basal, o nosso consumo energético do repouso.

A dieta também terá papel fundamental neste processo, de nada adiantará, em temos de redução de gordura, você sair de uma sessão de treinamento funcional, por exemplo, onde gastou 500Kcal em 50′ e comer 1 empada e uma fatia de bolo de chocolate, pois assim você jogará no lixo o seu défict energético.

Mas a matemática do balanço energético (gasto calórico maior que ingesta calórica) não é a única questão nutricional relevante no processo de redução de gordura corporal. O índice glicêmico dos alimentos deve ser considerado (leia o artigo que escrevi sobre este tema clicando aqui).

Toda vez que ingerimos um carboidrato de alto índice glicêmico, ocorre um “boom” de glicose em nossa corrente sanguínea e, por consequência, um “boom”/ pico de insulina (hormônio responsável por retirar a glicose do sangue e levá-la para dentro das células para ser utilizada como combustível energético). Quando as células são expostas constantemente aos altos níveis de insulina, como resultado da ingestão constante de alimentos de alto índice glicêmico (alimentos hiperprocessados, recheados de açúcares refinados, bolachas, pães, massas, bolos…) nossas células se dessensibilizam à insulina, gerando o que conhecemos como “resistência á insulina”, e o nosso pâncreas reage bombeando mais insulina. Esse açúcar constantemente elevado no sangue (e, lembre-se, todo carboidrato ingerido vira açúcar no sangue) acarreta diversos problemas, diabetes tipo 2 (que você já deve saber), mas também diversos processos inflamatórios crônicos, infecções, danos aos nervos, doenças cardíacas, Alzheimer… E por ser um hormônio anabólico, a insulina promoverá também a formação e retenção da gordura.

Então, fica a dica! Muito carboidrato/alto índice glicêmico = muito açúcar no sangue = muita produção de insulina = acúmulo de gordura (sem falar nas outras questões de saúde).

 

Moral da história

Número 1: Você não perderá primeiramente a gordura localizada exatamente na região de sua preferência, sinto muito ;

Número 2: Não resolverá todo treino 200 abdominais para perder barriga ou os mesmos 200 de flexão tríceps para reduzir a gordura do braço, ok?! ;

Número 3: Não resolverá também seguir nenhuma dieta milagrosa tipo “perca 5Kg em em 7 dias” e afins.

 

 

Os 3 pilares para uma vida saudável

A maneira mais eficaz de se eliminar a gordura corporal é priorizar em sua vida os 3 pilares para uma vida saudável:

  1. Alimentação balanceada, com baixa quantidade de carboidratos (escolhendo sempre os de baixo e moderado índice glicêmico), de preferência orientada por profissional qualificado (Nutricionista ou Nutrólogo). E neste caso, não adianta fazer dietas temporárias, o ideal é reeducar-se e incorporar os novos hábitos alimentares para toda a vida.
  2. Hábitos fisicamente ativos com a prática regular de exercícios físicos, de preferência orientada por profissional qualificado (Educador Físico devidamente registrado no CREF), para que você tenha um programa de treinamento adequado especificamente às suas necessidades, objetivos e condição física atual.
  3. Qualidade do sono, de forma que você acorde disposto(a), não cansado(a). Isto interferirá diretamente na produtividade de seu dia, seja nas atividades cotidianas, no trabalho e/ou no programa de treinamento físico.

Ficou com dúvida? Descreva-a nos comentários.

Responderei o mais breve possível.

Beijos,

Leda

 

Referência Bibliográficas

BOUTIN, P; FROGUEL, P. Genetics of Human Obesity. Best Practice & Research Clinical Endocrinology & Metabolism. v.20 n.4., 2006.

CARNEVALI, L.C.Jr et al. Desvendando o emagrecimento em 101 perguntas e respostas. Ed. Phorte, 2017.

GENTIL, P. Emagrecimento: Quebrando mitos e mudando paradigmas. 3 ed. Ebook Kindle. Disponível em https://www.amazon.com.br/Emagrecimento-Quebrando-Mitos-Mudando-Paradigmas-ebook/dp/B00RECDROS/ref=sr_1_1/168-3705484-1256644?s=books&ie=UTF8&qid=1488044356&sr=1-1&keywords=paulo+gentil

PERLMUTTER, D. A dieta da mente: A surpreendente verdade sobre o glúten e os carboidratos – os assassinos silenciosos de seu cérebro. 1 ed. Ed. Paralela, 2014.

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