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ENDOMETRIOSE, INTESTINO E NUTRIÇÃO: CONHEÇA A RELAÇÃO E INTERVENÇÕES NUTRICIONAIS

Leda Guimarães • jul. 11, 2022


ENDOMETRIOSE, INTESTINO E NUTRIÇÃO

Conheça a relação e intervenções nutricionais.


O QUE É?

A endometriose é uma doença inflamatória dependente de estrogênio, definida como a presença de glândulas endometriais e estroma fora da cavidade uterina. Manifesta-se durante os anos reprodutivos e está associada a dor e infertilidade.

As lesões endometrióticas são frequentemente   encontradas nos ovários, trompas, ligamentos do útero, área cérvicovaginal, abdominal, parede e   umbigo, trato urinário e reto.


SINTOMAS

  • Cólica menstrual e/ou pré-menstrual
  • Sangramento menstrual intenso e irregular
  • Sangramentos intestinais e urinários durante a menstruação
  • Dor durante o ato sexual
  • Dificuldade ou dor ao defecar
  • Dificuldade ou dor ao urinar
  • Dificuldade em engravidar
  • Diarréia

 

DIAGNÓSTICO

É realizado por visualização direta e exame histológico das lesões.

 

TRATAMENTO

A dor pode ser tratada cirurgicamente pela excisão de implantes peritoneais, nódulos profundos e cistos ovarianos, ou induzindo a supressão da lesão pela abolição da ovulação e da menstruação por meio de manipulação hormonal com progestágenos, contraceptivos orais e agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina. A inibição farmacológica da ovulação e da menstruação não erradicam as lesões e seu benefício é muitas vezes temporário.

 

FATORES RELACIONADOS

1.    Aumento do estresse oxidativo (espécies reativas de oxigênio) e nitrosativo (espécies reativas de nitrogênio): Facilitam a implantação do endométrio ectópico e estão relacionados com o aumento da gravidade da doença.

2.    Inflamação crônica

3.    Aumento da tolerância imunológica

4.    Autoimunidade

 

O aumento do estresse oxidativo e nitrosativo pode ser mediado por disbiose intestinal induzida por  citocinas pró-inflamatórias de estresse e por aumento da permeabilidade intestinal.


A disbiose intestinal é um quadro de desequilíbrio da microbiota com predomínio de bactérias nocivas sobre as benéficas.

 

POSSÍVEIS CAUSAS

  • A menstruação retrógrada:  fluxo da menstruação em direção às trompas, e destas para a cavidade endometrial, deixando focos de endométrio fora do útero.
  • Alterações no sistema imunológico que causam exacerbação de reação inflamatória
  • Hereditária
  • Exposição a disruptores endócrinos: agentes e substâncias químicas encontradas no meio ambiente e em produtos industrializados que gradativamente se instalam em nossos organismos produzindo danos que promovem alterações no sistema endócrino, afetando o equilíbrio hormonal.
  • Consumo de álcool
  • Sedentarismo
  • Dieta não saudável

 

MICROBIOTA INTESTINAL E ENDOMETRIOSE

A disbiose tem sido associada à endometriose. É possível que a microbiota intestinal influencie na endometriose por afetar funções epigenéticas, imunológicas e/ou bioquímicas, e por elevar os níveis de estrogênio na circulação.

O aumento de citocinas pró-inflamatórias e o estresse associado a dor aumentam a permeabilidade intestinal, permitindo que toxinas e lipopolissacarídeos migrem para os enterócitos e a corrente sanguínea, promovendo inflamação local e sistêmica.

Além disso, quando há um desequilíbrio na microbiota intestinal ou uma oferta inadequada de nutrientes para esses microrganismos, as bactérias não conseguem sintetizar quantidade adequada de ácido graxos de cadeia curta (AGCC), o que também contribui para a hiperpermeabilidade intestinal. Os AGCC são essenciais para a manutenção da integridade intestinal.

Os efeitos do butirato (um dos principais AGCC) provavelmente modulam a etiologia e o curso da endometriose, bem como a transição para o câncer endometrial e ovariano.

 

COMO SUA DIETA INTERFERE

  • Produtos industrializados atuam como disruptores endócrinos
  • Consumo exacerbado de carne vermelha eleva as concentrações de estradiol e estrona
  • Gordura trans eleva marcadores inflamatórios
  • Gorduras saturadas de origem animal estimulam produção de prostaglandinas negativas.

Existem prostaglandinas com efeitos negativos e outras com efeitos positivos. A liberação de prostaglandinas de efeitos negativos são as responsáveis pelas cólicas menstruais dolorosas e pela dor na endometriose, logo o consumo deste tipo de gordura pode piorar os sintomas da endometriose.


COMO A NUTRIÇÃO PODE AJUDAR

  • Modulação intestinal (reequilíbrio da microbiota, integridade de mucosa e permeabilidade intestinal)
  • Vitaminas A (ácido retinóico)

Evita a proliferação de cistos do tecido endometrial e diminui a  produção local de estradiol.

          Atua modulando a síntese endometrial dos fatores alterados na endometriose, como citocinas, diferenciação, metaloproteinase de matriz, secreção, conexina-43 e integrinas.

          À medida que a vitamina A aumenta o butirato derivado do microbiota intestinal, a proteção do ácido trans retinóico é aumentada.

  • Vitaminas C e E: antioxidantes
  • Vitamina D: modula o sistema imune e reduz citocinas pró-inflamatórias (as células endometriais do estroma participam do metabolismo da vitamina D)
  • Ômega-3: reduz citocinas pró-inflamatórias e promove atividade de prostaglandinas de efeitos positivos.
  • Chá verde: antioxidante
  • Curcumina: antioxidante e antiinflamatória
  • Resveratrol: antioxidante e antiinflamatório
  • Magnésio: efeito de relaxamento muscular que auxilia na dor
  • Fibras, vegetais e frutas: boas fontes de minerais importantes para minimizar os sintomas
  • Fórmulas para manipulação com diversos fitoterápicos apresentam propriedades antiproliferativas, antioxidantes, analgésicas e antiinflamatórias e podem ser utilizados como analgésicos para pelve e abdômen. Alguns dos fitoterápicos utilizados:

o Cimicifuga racemosa L. (Nutt.Ranunculaceae)

o  Viburnum prunifolium L. (Caprifoliaceae)

o  Viburnum opulus L. (Adoxaceae)

o Matricaria chamomilla L. (Asteraceae)

o  Corydalis sp. (Papaveraceae)

o  Pulsatilla sp. (Ranunculaceae)

o  Angelica sinensis (Oliv.) Diels (Apiaceae)

o Zingiber officinale Roscoe (Zingiberaceae)

o  Piscidia piscipula (L.) Sarg. (Fabaceae)

o  Dioscorea villosa L. (Dioscoreaceae)


  • Fitoterápicos que influenciam e restauram as funções do sistema imunológico e endócrino

o  Echinacea sp. (Asteraceae)

o   Astragalus sp. (Fabaceae)

o  Picrorhiza kurroa Royle ex Benth. (Plantaginaceae)

o Ganoderma lucidum (Curtis) P. Karst (Ganodermataceae)

o  Cordyceps(Clavicipitaceae)

o  Withania somnifera (L.) Dunal (Solanaceae)

o  Panax quinquefolius L. (Araliaceae)

o  Rhaponticum sp. (Asteraceae)

o  Rhodiola rosea L. (Crassulaceae)

 

O tratamento dietético considera o estrogênio envolvido na progressão da endometriose e inclui componentes que diminuem os níveis de estrogênio.


Uma dieta específica orientada pode reduzir cólicas, inflamação, distensão abdominal, níveis de estrógeno, de toxinas, inibindo reações químicas que induzem os  sintomas da endometriose, e auxiliar no reequilíbrio dos níveis de diferentes formas de estrógeno.


Ficou com dúvida?

Descreva-a nos comentários.   

Responderei o mais breve possível. 


REFERÊNCIAS

Arablou T et al. Curcumin and endometriosis: Review on potential roles and molecular mechanisms. Biomed Pharmacother. 2018.

Calder, P C. N-3 polyunsaturated fatty acids and inflammation: from molecular biology to the clinic. Lipids. 2003.

George, A. Endometriosis Pathoetiology and Pathophysiology: Roles of Vitamin A, Estrogen, Immunity, Adipocytes, Gut Microbiome and Melatonergic Pathway on Mitochondria Regulation. Biomolecular Concepts. 2019.

Ilhan M et al. Novel Drug Targets with Traditional Herbal Medicines for Overcoming Endometriosis. Curr Drug Deliv. 2019.

Trabert B et al. Diet and risk of endometriosis in a population-based case-control study. Br J Nutr. 2011.

Vercellini P et al. Endometriosis: pathogenesis and treatment. Nat Rev Endocrinol. 2014

Soave, I et al. Endometriosis and food habits: Can diet make the difference? Journal of Endometriosis and Pelvic Pain Disorders, 2018.


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